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SERIE HOMENAGEM AO GUIGNARD

é o ponto de partida para uma viagem ao inconsciente, por tons, cores e volumes da série de paisagens “Homenagem à Guignard”. Cada obra carrega uma atmosfera, diferentes tons de cores, ora branco, ora amarelo, ora azul, ora vermelho, de dia, de noite. Os diferentes tons se encontram sempre com um gosto de sol. Aquele momento que o sol está indo embora, misturado com depois. A noite escura de outono, avermelhada, a manhã cedinho cheia de neblina. Do pôr do sol ao nascer do sol, esse é o tempo dessas cores. Quando a gente sonha. 

 

a concomitância dos acontecimentos

nas paisagens originais, em seus diferentes planos encontram-se várias igrejas, é bom lembrar que as pinturas foram feitas em Ouro Preto e região, em Minas Gerias. Nas minhas pinturas a substituição das igrejas pelas cachoeiras aconteceu instintivamente. Quis retratar algo que fizesse sentido em termos de liberdade e fé, com isso veio a imagem da força da natureza que é a água. As pinturas se inundaram de água. Águas imaginárias, coloridas.

 

paisagens impossíveis

a vida do dia a dia, o trem que passa, o povo que se diverte junto, o embelezamento na natureza.

 

iconografia da utopia

esses momentos que estão nas pinturas, referentes às obras Dia de festa de São João, que Guignard fazia em homenagem ao pai, esses eram momentos que vejo o retrato de um dia feliz. Um domingo, um feriado. Um dia de comida gostosa. Porém não para todos. Tem sempre alguém trabalhando para outros se divertirem. Então tem os trabalhadores da mina, o trem dizendo vamos, vamos, não perca tempo! A vida é preciosa e você pode sonhar, você é livre.Os nomes das obras são frases que meu filho fala, com três, quatro anos. De uma maneira totalmente outra tem a ver com as obras.

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UM GOSTO DE SOL

Texto feito para exposição Um gosto de sol, com obras de Livia Fontana e Guignard na galeria Zilda Fraletti em setembro de 2023 em Curitiba-Pr, Brasil
Além de possuirmos uma certa mania de ter fé na vida, nós brasileiros, sempre conseguimos ressignificar a nossa linguagem. E é pela linguagem que estruturamos as nossas paisagens. Nossa percepção é construída pelo que vemos, mas também constrói o que por nós é visto. Em Ouro Preto, Alberto da Veiga Guignard, avistou torres de igrejas na neblina, um estímulo de fora para dentro, de lá para cá. Diante do influxo, olho e mão do artista transmutaram o que foi observado e nos foi devolvido em ato poético. Nós, depois de conhecer suas obras, mesmo que pudéssemos ver a primeira imagem, a que ele viu, das torres na neblina, invariavelmente veríamos algo novo. O insumo externo seria somado com a memória do que vimos em Guignard e a paisagem vista seria outra. É por isso que contemplar pinturas como estas é ao mesmo tempo um deleite e um perigo. Corremos o risco de não vermos mais o mundo da mesma forma. Ocorre que se antes o pintor moldou nosso olhar para as paisagens mineiras, agora, Lívia Fontana está prestes a transformar o modo como vemos as pinturas que ele criou.

Como mestre, Guignard, tencionava a educação do olhar. Partindo sempre do desenho (com o lápis duro) e ensinando a primeiro imaginar para depois executar. Traços, que deveriam ser disciplinados já que pela dureza do lápis, apagar, corrigir ou mesmo adaptar um risco que marcou a folha de modo impreciso, era algo complicado. Amilcar de Castro, um de seus alunos notáveis, destaca que o método ajudava no processo de criação. É preciso incorporar os erros. Isso nos leva para outro ponto do legado de Guignard: o exercício da liberdade.

Em contraste com a disciplina da execução, o mestre incentiva a ousadia na criação de imagens. E é exatamente o que Lívia faz. Ela arrisca, analisa, desmonta, desconstrói, e nos presenteia com um gostinho de sol, que consegue extrair de obras e paisagens tão melancólicas quanto a própria vida de Guignard. Não seria demais imaginar que ele ficaria orgulhoso dela. Por um lado, ela rompe o gesto duro do lápis ao propor linhas que quase se esvaem umas nas outras, por outro apresenta cores vibrantes, que remetem ao pintor brasileiro, mas o atravessam, chegando ao fauvismo de Raoul Dufy, ao qual Guignard tanto gostava. Ela ainda educa o nosso olhar, ao dar ênfase nos planos, na bandeira, na cruz, nas alegorias, nas pessoas trabalhando e em cada detalhe presente nos quadros que é como se estivéssemos em uma visita guiada ao mundo onírico dele.

Para coroar o passeio temos ainda duas marinhas da Lagoa Santa e uma Paisagem de Itatiaia, pintadas por Guignard, onde o sol mesmo que tímido nos brinda, não apenas pela presença nas cenas, mas também pelas cores e texturas tão equilibradas e harmônicas. Falando de cores e luzes voltemos, por fim, nosso olhar também para opacidades e sombras, pois é nelas que o sol esquece e descansa, como diria Milton Nascimento na música que intitula essa mostra, e descansemos nosso olhar antes da próxima aventura.
Jhon Erik Voese
20.09.23

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​SERIE LOADING
Mais que definir significados, o trabalho acaba no olhar do espectador, abrindo para interpretações particulares de acordo com a coordenação e fixação do tempo. São apropriações de imagens e acontecimentos da internet focados na sociedade copypaste. O princípio básico do que se propõe a arte de Livia Fontana, o indivíduo e os acontecimentos cotidianos tornam-se alimentos para a sua arte e suas obras provocam ações em seu entorno. Deglute-se o que está ao redor e depois de trabalhado o alimento é devolvido à sociedade, muitas vezes hiperbólico, noutras fragmentado.

 


COLETORA DE IMAGENS: RESGATE, TRANSFORMAÇÃO E SUBLIMAÇÃO
Texto por _Amélia Siegel Corrêa para exposição Mãe Mar, no Espaço Cultural BRDE


Num mundo com excesso de imagens, qual é o sentido de criar mais uma? Essa questão, que orienta a pesquisa de Lívia Fontana, fornece um caminho para refletir sobre Mãe Mar, em que a artista realiza uma reflexão sobre apropriação, autoria e o sentido das imagens no mundo contemporâneo.
O aceleramento do ritmo da vida e a efemeridade das imagens se materializam nos Loadings, que mostram também a beleza dos processos e a potência do entrelugar. A iminência do que não virá, a escalada do fugaz. Mas há também outra camada: aquela das memórias afetivas da recente maternidade da artista, vivenciada pouco tempo depois de perder a mãe. Imensidão de sentimentos, mar de ironias. Ironias também estampadas nos olhos saltados das Beatas Bordando, resgatadas da caixa de fotografias da família e que se agregam à arquitetura da casa como um site specific. São as guardadoras da moral que escrutinam a vida alheia. Nesse plano, as diferenças se diluem. A vida vigiada em rede, o imperativo de representar, a necessidade de conexão. Lívia recupera o que vemos sem enxergar.
Mãe Mar evoca o infinito emaranhado da vida, num movimento pendular entre o passado e o presente em busca de um entendimento de si, despertado pela morte e pelo nascimento. Em tempos de pandemia e de um cotidiano tão árido, o escapismo contemplativo evocado pelos Loadings traz uma centelha de paz, um suspiro, um descanso. E faz lembrar que é a falta e a imperfeição que nos tornam humanos.

BIO 

Livia Fontana, 1979, artista visual, nasceu e trabalha em Curitiba, Brasil

Sua pesquisa no campo da arte vem de fotografar seus amigos até a venda de algo através da imagem, a construção de uma imagem. Nisso chega-se a paisagem, se é transportado para esse outro universo, o universo é o outro. As conexões que o processo da arte possibilita de travar um debate a partir de uma interpretação de algo. A liberdade que é fazer arte em um mundo majoritariamente corporativo extremamente engessado.  

CURRICULUM VITAE

2023 : exposição individual “um gosto de sol” : Galeria Zilda Fralleti, Curitiba. Pinturas de paisagens em formatos grandes e pequenos feitas em bastão oleoso sobre linho, junto à obras de Alberto da Veiga Guignard, texto de John Voese;

 

2023 : residência The Art Farm, ateliê em meio a mata atlântica do artista Antonio Claudio Carvalho, RJ;

 

2022 :  exposição coletiva (instalação) Terzzo Paradiso de Michelangelo Pistoletto, 20 anos do Museu Oscar Niemeyer; Curitiba-PR;

 

2021 : exposição individual mãe mar : espaço Torre BRDE, Curitiba. Exposição de fotografias da série Loading em grandes formatos e fotografias de escopo familiar, passando pelo luto, ancestralidade e o renascimento;

 

2018 : exposição coletiva de acervo, Loading Amarelo e Vermelho : e catálogo de 20 anos do Museu Oscar Niemeyer;

 

2016 : Origami Curvo : coletiva de artistas mulheres na Bienal de Curitiba, curadoria de Isadora Mattiolli;

 

2015 : Diretora artística Boiler Galeria : aqui a artista traça um novo caminho no mercado de arte, na representação de artistas, curadoria, criação de acervo e mostras. Em 2020 descontinua o trabalho de galerista para dedicar-se apenas à produção artística particular, em especial a pintura;

 

2014 : exposição individual “Ninhos” : Em Curitiba expôs no Museu Alfredo Andersen pinturas em fotografias na individual Ninhos;

 

2013 : exposição individual “janelas da alma” : exposição de fotografias de janelas impressas em cetim em grande formato, no studio do fotógrafo Nuno Papp;

 

2003/04 : Extensão em Fotografia na Central Saint Martins, em Londres;

2002 : Formada em Publicidade e Propaganda, Universidade Positivo em Curitiba;

2000-02 : Master Comunicação, direção de arte, design gráfico;

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LIVIA SOFIA ARTES LTDA - cnpj: 42.489.709/0001-42
 

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