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Coletora de imagens: resgate, transformação e sublimação

texto de Amélia S. Corrêa para exposição Mãe Mar, setembro de 2021 


 
Num mundo com excesso de imagens, qual é o sentido de criar mais uma? Essa questão, que orienta a pesquisa de Lívia, fornece um caminho para refletir sobre Mãe Mar, em que a artista realiza uma reflexão sobre apropriação, autoria e o sentido das imagens no mundo contemporâneo.


O aceleramento do ritmo da vida e a efemeridade das imagens se materializam nos Loadings, que mostram também a beleza dos processos e a potência do entrelugar. A iminência do que não virá, a escalada do fugaz. Mas há também outra camada: aquela das memórias afetivas da recente maternidade da artista, vivenciada pouco tempo depois de perder a mãe. Imensidão de sentimentos, mar de ironias. Ironias também estampadas nos olhos saltados das Beatas Bordando, resgatadas da caixa de fotografias da família e que se agregam à arquitetura da casa como um site specific. São as guardadoras da moral que escrutinam a vida alheia. Nesse plano, as diferenças se diluem. A vida vigiada em rede, o imperativo de representar, a necessidade de conexão. Lívia recupera o que vemos sem enxergar.


Mãe Mar evoca o infinito emaranhado da vida, num movimento pendular entre o passado e o presente em busca de um entendimento de si, despertado pela morte e pelo nascimento. Em tempos de pandemia e de um cotidiano tão árido, o escapismo contemplativo evocado pelos Loadings traz uma centelha de paz, um suspiro, um descanso.


E faz lembrar que é a falta e a imperfeição que nos tornam humanos.

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